quarta-feira, 28 de março de 2012

Destinos do coração - Capitulo I parte 2


Agatha seguiu sua ama pelos corredores frios, sentiu que aquela noite seria muito fria.Entraram nos aposentos de Agatha, Hanna a fez sentar numa mesinha que ficava perto da janela da varanda e a fez comer a sopa fria,sua pequena criança crescera e amadureceria muito mais rápido daqui por diante. Enquanto comia Agatha admirava a força do vento lá fora e as trovoadas que caiam aqui e ali, ela sentia a energia da mãe-natureza lá fora e sentia que por ventura ela as vezes era assim, imprevissivel como uma tempestade. Após o jantar ela deixou-se levar a sala de banho onde sua ama a banhou e logo depois a colocou para dormir como fazia quando ela era uma criança. Agatha adormeceu logo após a saida de sua ama, adormeceu com os pensamentos tristes dos últimos acontecimentos.

...

                Alexander estava na janela do seu escritório admirando a bela tempestade que caia lá fora, ele estava ancioso por rever Agatha, será que ela continuava com aquele espirito fogoso e tempestuoso de quando a conhecera em seu primeiro baile? Ele se envergonhava tanto de te-lâ esnobado e a deixado no meio do salão, mas o espirito irônico da jovem o deixou fora de si, ela era encantadora, mas era perigosamente desafiadora. Sim perigosamente bela, desafiadora, mas ele admira esse tipo de comportamento. Era o sonho de seu falecido pai casa-lo com a filha do General Dowton, segundo ele a jovem  era perfeita para ele. Ela envolvia o mistério e a ousadia em uma mulher, sabia ser dócil como sabia ser rebelde, o velho Duque dissera várias vezes que ele mesmo era assim, mas Alexander discordava plenamente. Sempre conseguiu tudo que queria, ganhou todas as batalhas que se envolveu, conquistou a confiança do Rei, tem todas as mulheres que desejar em suas mãos, tem o respeito dos aliandos e o medo dos inimigos. O que mais ele pode querer? Nada ele já tem tudo, menos o amor de uma bela mulher. Alexander riu amor, ele nem sabia o que era isso, tinha medo de perder sua liberdade num casamento sem sentido, com a mulher mais desafiadora e rebelde que já conheceu, Agatha Dowton tão bela quanto as flores, tão perigosa quanto sua espada.
                No outro lado do aposento uma  porta se abria e Alexander voltou sua atenção na mulher que adentrava o salão. Os anos pareciam não ter afetado Margarythe Cartyllo, continuava bela como sempre fora com seus cabelos negros preso num elaborado coque e seu vestido vermelho vinho com babados negros. Se aproximava lentamente do seu único filho, sabia o quanto aquele casamento não o estava agradando, só não entendia o por que dele aceita-lo.
- Meu querido pensei que estivesse ocupado com seu noivado, pensei que iria para a corte comprar um presente para sua futura noiva. – Margarythe mal reconhecia o rapaz louro parado a janela com um porte arrogante.
- Partirei amanhã bem cedo minha mãe, comprarei um presente especial para uma noiva especial. – Ele estava sendo irônico com a mãe.
- Se não queres se casar com Agatha Dowton, por que aceitou a proposta de seu pai? – Margarythe se aproximou mais do filho o abraçando por trás. – Por que se prender nesse casamento? O que o General Dowton lhe ofereceu além da mão de sua filha?
- Nada mais do que eu já lhe disse... – Alexander se desvencilhou dos braços da mãe e caminhava até a porta do salão que servia como escritório.
- Alexander – Ela girou para encarar o filho, que agora estava lhe olhando.
- Sim minha mãe? – Ele não poderia contar-lhe que esse noivado era uma forma de se desculpar com Agatha e talvez arranjar alguém apropriado para ele, mas nada mais do que isso.
- Eu sei que esse era o desejo de seu pai meu filho – Em parte Margarythe tinha razão, mas no seu intimo ela sabia que o amor jamais tomaria conta do coração de seu filho. Ah sim ela também amou uma vez, amou profundamente um homem, mas isso faz muito tempo. – Mas... – ela exitou um pouco mas preferiu falar o que tanto lhe fazia mal – não magoa essa moça, ela parece ser uma boa pessoa por trás de toda aquela rebeldia e coragem, eu tenho profundo respeito por ela... – “e uma pontada de inveja também...”, pensou Margarythe – ela apenas quer seguir o caminho dela sem ser mandada ou ter alguém que lhe diga  o que fazer...
- Levarei em conta isso... Mas eu não voltarei atrás. Como papai disse ela é a mulher ideal para mim – Alexander odiava ser contestado, ainda mais pela mãe. Ele abriu a porta e antes de sair se despediu da mãe – Boa Noite Duquesa, quando eu retornar será para “nós” irmos ao “meu” noivado...
                Ele saiu deixando a velha Duquesa sem reação, o que acontecera com seu menino? Se não fosse por sua experiencia ela julgaria Agatha, mas sabe que a menina quer apenas ser independente. Mas como ser independente em um lugar como aquele? Agatha era conhecida por sua beleza e rebeldia, mas ela mesma tivera várias oportunidades de conversar com a moça, quando acompanhava o marido as visitas as terras do sul. Sabia que ela era uma moça adoravel, digna de um colecionador, mas ela era o que parte de Margarythe queria ser e nunca fora. Agatha representava a coragem que ela queria ter muitos anos atrás e nunca teve. Ainda ressentida com o filho Margarythe rumou para seus aposentos, onde tentaria durmir e esquecer aquele lampejo do passado que queria vir a tona.
               



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