Agatha seguiu sua ama pelos
corredores frios, sentiu que aquela noite seria muito fria.Entraram nos
aposentos de Agatha, Hanna a fez sentar numa mesinha que ficava perto da janela
da varanda e a fez comer a sopa fria,sua pequena criança crescera e
amadureceria muito mais rápido daqui por diante. Enquanto comia Agatha admirava
a força do vento lá fora e as trovoadas que caiam aqui e ali, ela sentia a
energia da mãe-natureza lá fora e sentia que por ventura ela as vezes era
assim, imprevissivel como uma tempestade. Após o jantar ela deixou-se levar a
sala de banho onde sua ama a banhou e logo depois a colocou para dormir como
fazia quando ela era uma criança. Agatha adormeceu logo após a saida de sua
ama, adormeceu com os pensamentos tristes dos últimos acontecimentos.
...
Alexander
estava na janela do seu escritório admirando a bela tempestade que caia lá
fora, ele estava ancioso por rever Agatha, será que ela continuava com aquele
espirito fogoso e tempestuoso de quando a conhecera em seu primeiro baile? Ele
se envergonhava tanto de te-lâ esnobado e a deixado no meio do salão, mas o
espirito irônico da jovem o deixou fora de si, ela era encantadora, mas era
perigosamente desafiadora. Sim perigosamente bela, desafiadora, mas ele admira
esse tipo de comportamento. Era o sonho de seu falecido pai casa-lo com a filha
do General Dowton, segundo ele a jovem
era perfeita para ele. Ela envolvia o mistério e a ousadia em uma
mulher, sabia ser dócil como sabia ser rebelde, o velho Duque dissera várias
vezes que ele mesmo era assim, mas Alexander discordava plenamente. Sempre
conseguiu tudo que queria, ganhou todas as batalhas que se envolveu, conquistou
a confiança do Rei, tem todas as mulheres que desejar em suas mãos, tem o
respeito dos aliandos e o medo dos inimigos. O que mais ele pode querer? Nada
ele já tem tudo, menos o amor de uma bela mulher. Alexander riu amor, ele nem
sabia o que era isso, tinha medo de perder sua liberdade num casamento sem sentido,
com a mulher mais desafiadora e rebelde que já conheceu, Agatha Dowton tão bela
quanto as flores, tão perigosa quanto sua espada.
No
outro lado do aposento uma porta se
abria e Alexander voltou sua atenção na mulher que adentrava o salão. Os anos pareciam
não ter afetado Margarythe Cartyllo, continuava bela como sempre fora com seus
cabelos negros preso num elaborado coque e seu vestido vermelho vinho com
babados negros. Se aproximava lentamente do seu único filho, sabia o quanto
aquele casamento não o estava agradando, só não entendia o por que dele
aceita-lo.
- Meu querido pensei que
estivesse ocupado com seu noivado, pensei que iria para a corte comprar um
presente para sua futura noiva. – Margarythe mal reconhecia o rapaz louro parado
a janela com um porte arrogante.
- Partirei amanhã bem cedo minha
mãe, comprarei um presente especial para uma noiva especial. – Ele estava sendo
irônico com a mãe.
- Se não queres se casar com
Agatha Dowton, por que aceitou a proposta de seu pai? – Margarythe se aproximou
mais do filho o abraçando por trás. – Por que se prender nesse casamento? O que
o General Dowton lhe ofereceu além da mão de sua filha?
- Nada mais do que eu já lhe
disse... – Alexander se desvencilhou dos braços da mãe e caminhava até a porta
do salão que servia como escritório.
- Alexander – Ela girou para
encarar o filho, que agora estava lhe olhando.
- Sim minha mãe? – Ele não
poderia contar-lhe que esse noivado era uma forma de se desculpar com Agatha e
talvez arranjar alguém apropriado para ele, mas nada mais do que isso.
- Eu sei que esse era o desejo de
seu pai meu filho – Em parte Margarythe tinha razão, mas no seu intimo ela
sabia que o amor jamais tomaria conta do coração de seu filho. Ah sim ela também
amou uma vez, amou profundamente um homem, mas isso faz muito tempo. – Mas... –
ela exitou um pouco mas preferiu falar o que tanto lhe fazia mal – não magoa
essa moça, ela parece ser uma boa pessoa por trás de toda aquela rebeldia e
coragem, eu tenho profundo respeito por ela... – “e uma pontada de inveja
também...”, pensou Margarythe – ela apenas quer seguir o caminho dela sem ser
mandada ou ter alguém que lhe diga o que
fazer...
- Levarei em conta isso... Mas eu
não voltarei atrás. Como papai disse ela é a mulher ideal para mim – Alexander odiava
ser contestado, ainda mais pela mãe. Ele abriu a porta e antes de sair se
despediu da mãe – Boa Noite Duquesa, quando eu retornar será para “nós” irmos
ao “meu” noivado...
Ele
saiu deixando a velha Duquesa sem reação, o que acontecera com seu menino? Se
não fosse por sua experiencia ela julgaria Agatha, mas sabe que a menina quer
apenas ser independente. Mas como ser independente em um lugar como aquele?
Agatha era conhecida por sua beleza e rebeldia, mas ela mesma tivera várias
oportunidades de conversar com a moça, quando acompanhava o marido as visitas
as terras do sul. Sabia que ela era uma moça adoravel, digna de um
colecionador, mas ela era o que parte de Margarythe queria ser e nunca fora. Agatha
representava a coragem que ela queria ter muitos anos atrás e nunca teve. Ainda
ressentida com o filho Margarythe rumou para seus aposentos, onde tentaria
durmir e esquecer aquele lampejo do passado que queria vir a tona.
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