A noite caiu pesada
nas terras do Sul, Agatha agora estava na varanda do salão de música, Margarythe
fora descansar depois do chá e pediu
para lhe chamar antes do jantar ser servido. Afinal a Duquesa não era uma má
pessoa, ela pode sentir a insegurança na mãe de Alexander em relação ao
casamento, provavelmente encontrara uma futura aliada contra aquele maldito
casamento. Robert fora a vila antes do por-do-sol, disse que tinha assuntos a
ser resolvidos por lá, logo após passar a tarde tuda trancado com Alexander no
seu escritório.
Alexander
agora andava pelo castelo a procura de Agatha, logo descubriu onde ela se
refugiava. Adentrou o recinto sem bater e admirou-a por alguns minutos antes
que ela notasse sua presença. Estava linda usava um vestido rosa mais leve,
estava com os cabelos presos num coque frouxo, admirava o por-do-sol, sem perceber
que era observada. Estava melancólica e ao notar melhor viu seus olhos meio
avermelhados, sinal de que chorara a pouco, supirava e olhava para o horizonte,
como que esperando um milagre. Alexander sabia no fundo que ela não queria
casar-se com ele, sabia que ela ainda não esquecera o que acontecera no baile,
mas era um baile e ele era um enconsequente, amadurecera muito após a perda do
pai, messes após aquele baile.
Com
um descuido Alexander tropeçou no tapete e caiu sobre o piano, fazendo Agatha se
assustar com o entruso em seu recinto sagrado, ninguém mais além de Hanna e seu
pai entravam ali sem sua permissão. Virando-se rápidamente se deparou com
aqueles olhos verdes que pareciam olhar
através de sua alma, Alexander tinha acabado de se escorar no piano após
recuperar o equilibrio e encarava Agatha que agora tinha um feição de medo e
raiva. Raiva por ele ter invadido seu espaço, raiva por ele ser estúpidamente
bonito, raiva por si mesma.
- Desculpe se a assustei minha
dama... – Alexander fez uma leve revêrencia a ela
- O que você faz aqui sir
Alexander? – Perguntou ela mal contendo sua irritação ao vê-lo tão á vontade no
salão de música que era espaço dela apenas.
- Estava procurando por você
Agatha... – Alexander fez uma cara de desdém ao prosseguir – precisava
conversar com você, antes de tudo.
- Pois bem, diga – Agatha se
sentava agora em um sofá atrás do piano, e ela indicou a poltrona mais afastada
para ele se sentar.
- Eu queria antes de tudo de me
desculpar das minhas aitudes naquele dia...
- Ah sim depois de tanto tempo,
depois daquela humilhação você quer se desculpar sir! – Agatha interrompera
Alexander e agora estava rubra de raiva.
- Sinto muito Agatha pelo
ocorrido... – Alexander sabia que ela tinha todo o direito de estar furiosa – mas
nunca me imaginaria nessa situação, em que nos encontramos agora, e claro você
é uma mulher de fibra e admiro isso. Mas devemos apagar o passado minha cara.
- Ah sim,acha que suas deculpas
irá fazer eu me sentir melhor por ser sua noiva? – Agatha agora se levantara e
andava feito louca de um lado para outro. – Elogios vindo de um carrasco não me
conquistam. O que faria se eu te recusasse na frente de todos?
- Não se atreveria Agatha, você
será minha esposa, está me escutando? – Alexander elevara a voz e se aproximava
de Agatha, que agora andava para trás. – Como pode deixar os fantasmas do
passado ainda te assombrar?
- Nunca irei me esquecer de como
todos me olhavam e comentavam sobre o ocorrido – Agatha sentiu um arrepio
gélido em sua espinha. – Não posso evitar meu destino, mas lutarei para que
esse casamento não ocorra.
- Eu sei que vai, mas não poderá
quebrar o acordo de seu pai. - Ele não queria comentar sobre o acordo com ela,
afinal ele queria fazer a ultima vontade de seu pai – Pense que seu pai quer
apenas sua proteção, ele morreria de desgosto. Você quer isso?
Estava
tão perto de Agatha, sentia seu medo, seus olhos cheios d’água, não queria que
a discussão tomasse aquele rumo, mas a moça sabia como irritá-lo. Agatha estava
assustada com aquela situação, Alexander estava sendo tão assustador,estava
muito sedutor, estava com medo do que poderia vir a seguir, ele a estava
encuralando.
- Não, você sabe que não – foi
apenas a resposta dela naquele momento.
- Eu não queria lhe assustar
Agatha, queria apenas pedir-lhe desculpas por minhas atitudes infantis só isso.
Mas você me tira do sério mulher. Eu mudei muito depois que meu pai morreu,
aprendi coisas, vi coisas e amadureci. A guerra é horrivel minha dama. Me
envergonho profundamente por aquele dia.
Agora sim ela
estava encurralada na parede atras de si e ele se aproximava mais dela, Alexander
colocou suas mãos na parede formando um cerco onde ela concerteza não iria escapar.
Sentia o medo dela, ela estava chorando, céus detestava ver uma mulher chorar,
mas aquela mulher era diferente muito diferente, ela tinha um toque virginal
com a ousadia de uma guerreira, estava louco para saciar-se com uma mulher,
fazia semanas que não tinha uma bela dona em seus braços. Agatha por sua vez
estava se sentindo uma boba e fraca por chorar na frente dele, estava confusa
ele estava mexendo com os seus sentimentos abalando suas estruturas.
-
Não chores, minha cara
prometo-lhe que nada de mal irá lhe acontecer... – Alexander afagava o
rosto dela e lhe falava docemente, afinal teria que conquistar a confiaça da
jovem. – Como eu disse eu era um tolo que achava ser o dono do mundo.
- Você não é? Não tem todas as
mulheres aos seus pés? – Agatha encarava aqueles olhos verdes e se sentia
entorpecida, porém não iria se entregar. – Diga-me o que queres comigo?
- Ah, não sou o dono do mundo,
mas tenho todas as mulheres que quero sim! Mas isto é passado, agora quero
apenas uma mulher como você ao meu lado, era o que meu pai queria e assim será
minha cara.
Não
podia acreditar naquilo, ou ela não ouvira direito, ele queria casar-se com ela
por que era desejo do finado Duque. Alexander a encarava tentando decifrar o
que se passava na cabeça dela, e ele se sentia cada vez mais atraido pelo
perfume dela. Deveria se afastar antes que fosse tarde demais, antes que ele
fissese algo que se arrependeria depois, afinal logo estariam casados. Mas ela
estava ali, chorosa, incrédula e absolutamente vulneravel e linda, seus lábios
estavam o tentando, mas ele era um cavalheiro, não poderia, queria mostrar para
ela que ele mudara. Agatha que estava tomada por um topor estranho, sentira-se
atraida por Alexander, não queria admitir mas a proximidade dele estava
dexando-a extasiada, ele olhava fixamente para seu lábios, céus ele iria
beija-la e ela não teria mais forças para resistir a ele. Tudo estava estranho,
não era para ela estar quase rendida por ele, afinal ela ainda estava magoada
com ele, mas ele estava sendo tão carinhoso, tão sedutor. Podia sentir o calor
dele o desejo dele, mas o que ela mais queria era fugir dele, fugir da forma
como ele a estava deixando louca e sem reação, seus lábios cada vez mais
próximos. Alexander sentiu que ela estava cedendo a ele e gostou muito do que
viu, ela agora parecia uma coelhinha assustada, que estava sedenta de desejo,
podia sentir o quanto ela estava rendida a ele, mas precisava parar agora ou
não responderia por si. “Agatha me perdoe mais eu não posso” – pensava
Alexander, mas ela só queria mais um tempo assim, estava quase o beijando, iria
experimentar isso pela primeira vez, tudo em volta parou e ele estava tão
próximo agora. Derrepente tudo mudou e o encanto acabou, foi tudo rápido demais,
de súbito Alexander se afastou, reverenciou-a e depois disse friamente uma
desculpa qualquer, beijou-lhe o rosto e se retirou do recinto, deixando Agatha
confusa demais para falar-lhe algo, então ela começou a chorar, não mais de
raiva ou ódio por ele e sim de desejo, por que ele não a beijara, por que ele
se fora assim? Ela não entendia o que se passou correu para a porta mas ele já
se fora, então algo começou a doer em seu peito, sentia-se frustrada com o que
aconteceu, com raiva ela bateu a porta atrás de si e foi ao piano tentar se
acalmar até o jantar.
Já
passava das oito da noite quando Agatha desceu as escadarias apressada,
descobriu atraves de Hanna que seu pai não viria jantar por ter ficado preso no
vilarejo, ela teria de jantar sozinha com Alexander e a Duquesa. Como encararia
Alexander depois do que ele fez, por que ainda estava confusa com o que
aconteceu, sentia-se ainda extasiada ao lembrar-se do quão carinhoso e sedutor
ele pode ser, mas ao lembrar-se de como ele fora frio ela sentiu uma dor muito
forte no peito e uma vontade enorme de chorar. Por sorte apenas a Duquesa a esperava
no salão para o jantar, ela dissera a Agatha que Alexander foi ao vilarejo a
pedido de seu pai. Agatha sentia que tinha algo errado, mas agora não tinha
como se preocupar com isso, pois tinha
uma baile para terminar de organizar, assim o jantar transcorreu tranquilamente
com Agatha e a Duquesa conversando sobre os ultimos preparativos para o baile
que seria em duas noites.
Margarythe se
sentia a vontade com sua futura nora e via nela a filha que queria ter e não
teve, não queria que seu filho a fizesse sofrer, era uma boa moça. Sentia-se
viva ao lado de Agatha, sentia toda a rebeldia e o coração aflito da moça, mas
sabia que com o tempo ela iria acabar por gostar de seu filho, bastava apenas a
convivencia para espantar os fantasmas do passado e fazer um novo começo. Após
o jantar as duas foram para um salão onde avistavam o jardim sendo banhado pelo
luar, conversaram animadamente sobre o baile e os preparativos. Magarythe
percebeu que algo aflingia Agatha, suspeitava que era o noivado que se aproximava,
então deciciu conversar sobre isso com ela.
- Minha querida com o tempo você
verá que não é tão ruim quanto parece, antes de me casar eu me apaixonei por um
Jovem que ná época era um Tenente, ele era noivo de uma moça de familia ilustre
e rica, lutei por ele, mas poderia ter lutado mais. Com o tempo percebi que não
era tão ruim assim e acabei por esquecer o jovem tenente,gostei muito do meu
marido e hoje lamento sua morte, mas são coisas que devemos passar... –
Margarythe não queria lhe revelar que seu grande amor ainda vivia mais perto do
que ela imaginava – Nunca temos escolha meu bem, somos mulheres e nesse mundo
quem manda é o homem infelizmente. Sei que não queres se casar com meu filho,
mas sei que com o tempo aprenderá a gostar dele, não me tomes como encherida
meu anjo, tome meu conselho como uma amiga que já viveu o bastante para
saber...
- Obrigada Milady, sei que devo
aceitar meu destino, seu filho é um ótimo cavalheiro... – Agatha estava em
outro mundo que nem prestou a atenção no que Margarythe lhe falava. – Mas agora
se a senhora me permita devo ir me recolher, fique a vontade Milady minha casa
é sua, papai deve demorar a retornar.
- Vá minha criança, deve ter sido
um dia longo para você, vou também me recolher.
Ambas
foram se recolher e Agatha, deitou-se com a sensação de vazio que sentira logo
após a saida de Alexander do salão de música. Não sabia o que era mas adormeceu
com os pensamentos no beijo que não ocorrera.